quinta-feira, 16 de abril de 2009

O mundo delas

Insatisfeita, eu?


No final da pelada o zagueiro do time de coletes azuis, pergunta ao atacante do time de coletes verdes:
- E aí, como vão as coisas em casa?
- Um inferno – responde o já não tão atacante assim. – Minha esposa quer trocar o piso do apartamento de novo.

- Ué, mas vocês não iam fazer uma reforma nos banheiros?
- Vai entender. Ela nunca está satisfeita com nada!

Será que as mulheres são realmente portadoras do gene da insatisfação, ou os homens é quem carregam consigo o gene da incompreensão?
Foi-se o tempo em que para as mulheres as preocupações principais diziam respeito a seu corpo, seu cabelo e sua vida sentimental.
As mulheres estão menos feministas? Não, é uma resposta bem visível de se enxergar.
As opiniões se divergem quando o assunto é o que mais necessitam no momento. Dinheiro e carinho é o carro chefe das respostas. Um emprego melhor, um homem que saiba cuidar de mim, como eu cuido dele. A falta de dinheiro, porém, é o que mais tem atemorizado as mulheres e anda deixando muitas delas nervosas por aí.
“Quando falta dinheiro, as dívidas vão chegando. Eu sinto vontade de matar alguém!” – diz a micro empresário do ramo de estética, Rosângela Lima, 29 anos, casada.
Entre os desejos que figuram no universo feminino, o sonho brasileiro da casa própria é uma realidade, quase unanimidade quer ter uma casa pra chamar de sua. Isto está implícito também, como parte fundamental do que muitas disseram ser uma vida ideal.
Como seria uma vida ideal para você?
Viagens, passeios, jóias, roupas e tranquilidade de frente pro mar azul?
“Prática, simples e romântica.” Diz a jovem Manuela Nascimento, 24 anos, secretária.
As mulheres, claro, não deixaram o romantismo de lado. Embora agora mais preocupadas com as finanças do que nunca, fazem questão de lembrar que a vida ideal inclui um cônjuge, que pode até não ser tão ideal assim.
“Estar casada com uma casa própria e ter renda suficiente para não enlouquecer e nem me encher de dívidas.” Mesmo as já mais experientes, tem essa visão. “Casamento é importante sim!”- afirma a profissional liberal Lucimeire Patriota, 44 anos, 03 filhos, divorciada – “É diferente com um homem ao seu lado lhe ajudando.”, conclui.
Apesar de ainda existir muitos homens que dizem não entender as mulheres ou acharem que as prioridades delas são outras, diferentes tipo de mulheres mundo afora, vem levantando a bandeira de neo-feminismo, que não significa apenas ter direitos iguais e/ou especiais em relação aos homens, mas sim, mostrar que elas pensam como eles, tem quase as mesmas necessidades e podem, até mesmo, agir como eles em muitos aspectos.
Não são mais o parceiro, o cabelo ou os quilinhos indesejáveis, os grandes vilões da insatisfação feminina. Esses fantasmas passaram. Agora, liderados pela falta de dinheiro, perspectiva de vida e o sonho de que tudo possa ser melhor, novos fantasmas assombram a vida de mulheres que só querem às vezes esquecer o medo de tudo dar errado.
Mulheres querem sim, trocar o piso do apartamento e fazer isso tirando o cheque daquela bolsa Louis Vitton da estação, como sinal de que tudo vai bem, porque ele está bem e pode pagar para ter um novo chão onde pisar.


(25 mulheres entre 16 e 46 anos, foram entrevistadas num período de 20 dias, durante os meses de Fevereiro e Março de 2009, na cidade de Maceió para este artigo.)


Fernando Nunes

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